segunda-feira, 16 de agosto de 2010


JÓIAS RARAS


Narra antiga lenda que um rabí, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua familia. Esposa admirável e dois filhos queridos.
Certa vez, por imperativos da religião, o rabi empreendeu longa viagem ausentando-se do lar por vários dias.
No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos filhos amados.
A mãezinha sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura.
Todavia, uma preocupação lhe vinha a mente: como dar ao esposo a triste noticia?
Sabendo-o portador de insufiencia cardiaca, temia que não suportasse tamanha comoção.
Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxilio para resolver a dificil questão.
Alguns dias depois, num final de tarde, o rabi retornou ao lar.
Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos...
Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse o seu banho, e logo depois ela lhe falaria dos moços.
Alguns minutos depois estavam ambos sentados à mesa. Ela lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou novamente pelos filhos.
A esposa, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido: deixe os filhos. Primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.
O marido, já um pouco preocupado perguntou: o que aconteceu? Notei você abatida! Fale! Resolveremos juntos, com a ajuda de Deus.
Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas jóias de valor incalculável, para que as guardasse. São jóias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo!
O problema é esse! Ele vem busca-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?
Ora mulher! Não estou entendendo o seu comportamento! Você nunca cultivou vaidades!... Porque isso agora?
É que nunca havia visto jóias assim! São maravilhosas!
Podem até ser, mas não lhe pertencem, Terá que devolvê-las.
Mas eu não consigo aceitar a idéia de perde-las!
E o rabi respondeu com firmeza: Ninguém perde o que não possui. Retê-las equivaleria a roubo!
Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo.
Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido. Na verdade isso já foi feito.
As jóias preciosas eram nossos filhos.
Deus os confiou a nossa guarda, e durante a sua viagem veio busca-los. Eles se foram.
O rabi compreendeu a sua mensagem. Abraçou a esposa, e juntos derramaram grossas lágrimas. Sem revolta nem desespero.
Os filhos são jóias preciosas que o Criador nos confia a fim de que as ajudemos a burilar-se.
Não percamos a oportunidade de enfeita-las de virtudes. Assim, quando tivermos que devolvê-las a Deus, que possam estar ainda mais belas e mais valiosas.
Desconheço o Autor!

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